
Você já parou para pensar quais são as possíveis profissões que existirão nos próximos 5 ou 10 anos? É comum imaginar algum trabalho que esteja ligado à área tecnológica, certo? Não necessariamente! O mercado de trabalho é um espaço fluido e crescente, onde novos modelos de negócios surgem e outros se reinventam. Segundo Graeme Codrington, futurista e contribuidor da revista Tomorrow Today, as profissões do futuro terão sim uma influência tecnológica, mas também passarão a exigir a presença de um profissional com habilidades interpessoais, conhecidas como “soft skills”, que incluem a comunicação, persuasão e inteligência emocional, por exemplo.
Segundo uma pesquisa realizada no ano de 2019 pela TIC Domicílios, cerca de 70% da população brasileira tem acesso à internet. Como consequência, há uma exploração do mercado de trabalho por meios digitais. Essa mudança digital no mercado de trabalho gera insumos práticos e palpáveis no ecossistema de ofícios. Para entender o resultado na prática, basta olhar em volta e notar que a maioria das empresas investe no meio digital, seja utilizando estratégias de marketing, partindo para os canais de comunicação -como redes sociais-, ou até na utilização da automação de processos e decisões tomadas baseadas em dados.
Sobre essas mudanças no mercado de trabalho, o design lead e futurista Dan Queirolo ressalta a importância da capacitação para exercer novas profissões.
“O mercado de trabalho é um oceano enorme. Tudo muda o tempo todo, então é difícil dizer algo com precisão. O que posso dizer é que emprego não vai faltar, mas os brasileiros terão dificuldade em conseguir estes trabalhos. Infelizmente vivemos em um país no qual a educação básica é péssima e o currículo das escolas ainda prepara pessoas para viverem no século passado”, afirma Queirolo.

Além do despreparo do sistema educacional, os brasileiros precisarão se adaptar ao trabalho associado à tecnologia. Afinal, este é um recurso que está presente na nossa rotina e em áreas como fisioterapia, educação, medicina e até na arte. A mudança será tão profunda que já é possível considerar o desaparecimento de profissões como contador e advogado -e estas são apenas algumas que vão sumir nos próximos 10 anos. Apesar de reportagens serem feitas sobre o tema, ainda é comum ver estudantes ingressando em cursos tradicionais, como Direito e Contabilidade.
“O fato é que muitos perderão seus trabalhos mas, a cada trabalho perdido, surgirão outros dois. O desafio será capacitar grande parte da população nacional, já que a maioria ainda não consegue ter acesso à educação ou saúde básica de qualidade. Esse será um esforço coletivo entre iniciativa privada, terceiro setor e governos.”- Dan Queirolo.

“Para mim, o futuro é igual uma floresta inexplorada. Você tem um mapa por onde já passou, mas dali pra frente pode encontrar de tudo." - Dan Queirolo

Ao ser questionado sobre a profissão que pretende seguir ao completar o ensino médio, o estudante Diego Sousa, de 17 anos, falou sobre a afinidade que encontrou na área de tecnologia.
“Queria trabalhar com robôs, drones ou algo relacionado com tecnologia. Meus pais são donos de uma empresa que oferece cursos de computação e eu cresci aprendendo sobre tecnologia. Atualmente, penso em alguns cursos de graduação relacionados com a área, como engenharia mecatrônica ou engenharia da computação.”
A fala de Diego reflete a modernização que as instituições de ensino tentam abraçar através da implementação de tecnologias e capacitações. É importante chamar atenção para os cuidados que as escolas precisam apresentar com o futuro, incluindo grades curriculares que ofereçam aulas com metodologias baseadas no uso de tecnologias. Fazendo uma rápida busca por colégios de classe média-alta na Zona Sul do Recife, encontrei três colégios que possuem programas de desenvolvimento tecnológico: Motivo, Santa Maria e Boa Viagem. As três unidades de ensino incluem a robótica em sua grade curricular e, especificamente o Colégio Boa Viagem, resolveu investir em uma metodologia chamada TEC (Tecnologias e Experiências Criativas), onde teoria e prática se unem, tornando o aluno protagonista de uma mudança baseada na utilização da tecnologia.
Jean Coelho, 21, é estudante de engenharia da computação pela Universidade de Pernambuco (UPE), e conta como surgiu seu interesse pelo curso e pela área de trabalho.
Além disso, Jean arrisca palpites sobre as profissões que o futuro pode esperar.
Publicitária por formação e atuante no campo das palestras futuristas, Beia Carvalho, 66, fala sobre as perspectivas do futuro em sua palestra no Tedx São Paulo 2019. Em seu blog, Beia escreveu uma matéria sobre a perspectiva das profissões daqui a 10 anos. “De todas as novas áreas que trarão novos postos de trabalho, o abrupto e crescente aumento da expectativa de vida, é o que trará mais oportunidades para mais pessoas, em todo o mundo.”, afirma a futurista.


Falando em profissionais do futuro, Lorrane Oliveira, 23, trabalha como cientista de dados na empresa EY, uma das maiores instituições de contabilidade do mercado mundial. Lorrane explicou sobre a função de uma cientista de dados e comentou sobre suas expectativas para o futuro do mercado de trabalho.
“O papel prático de um ou uma cientista de dados é ter uma visão analítica sobre dados de uma respectiva área, pesquisa ou projeto. A partir disso, podemos construir previsões para próximos passos. É uma profissão que não existia há muito tempo e cada vez mais se torna um importante pilar, já que minimizar erros e custos sempre vai ser interessante. Sobre profissões que o futuro pode esperar, acredito que o mercado vai afunilar e só os bem capacitados e versáteis se darão bem. O estudo e interesse são energias que movem os profissionais. Sem isso, a mão de obra seguirá majoritariamente desqualificada.”
Entendendo o panorama digital, é importante destacar que a desigualdade social no Brasil é um fator preocupante para as instituições federais. Os planos e desafios incluem conseguir investimentos e ampliar a inserção dos jovens em situações de vulnerabilidade no mercado de trabalho futurístico. Tendo isso em vista, é possível observar que já existem políticas públicas e projetos voltadas para a área, como o de Política de Inovação Educacional Conectada (Piec), que ter por finalidade garantir o acesso à internet de alta velocidade em instituições básicas de ensino, mas esses tipos de projetos não são tratadas como prioridade no cenário político atual.
Mas e você? já tinha pensado sobre como serão as profissões do futuro? No final, conseguimos entender que o futuro é misterioso, mas minimamente previsível.