Por Elaine Oliveira
Em um antigo prédio do século passado, no bairro de Peixinhos, em Olinda, funciona a Biblioteca Multicultural Nascedouro. Tempos atrás, o espaço onde funciona essa biblioteca comunitária recebia animais que eram abatidos, virando fonte de renda para o seu dono. Com o passar dos anos, esse lugar ressurgiu e passou a se chamar “Nascedouro de Peixinhos”, não mais matadouro.
Por muitas vezes, o direito à leitura é negado para os moradores das periferias. A falta de políticas públicas para a criação de bibliotecas, bem como para a manutenção delas, faz com que uma grande parte da população fique sem esse direito fundamental. A saída para esse problema social seria sentar e esperar as coisas acontecerem? Ficar à espera de algum candidato a cargo político, com proposta de construção de uma biblioteca, conquistar a confiança da periferia e depois ir embora e só voltar depois de quatro anos, como se nada tivesse acontecido?
A comunidade de Peixinhos não esperou por nenhuma promessa política. Eles mesmos fizeram as coisas aconteceram. Foi através do “Movimento Cultural Boca do Lixo” que nasceu a biblioteca comunitária do bairro. A atitude deles me fez lembrar um trecho da música de Chico Science e Nação Zumbi. Eles cantam que “A cidade não para, a cidade só cresce”.

Se a cidade cresce é porque o número de habitantes está aumentando. E esse aumento populacional vem, sobretudo, das comunidades da periferia. De acordo com o site populacao.net.br, em 2018, o bairro de Peixinhos tinha 36 mil habitantes. Com esse crescimento, também aumenta a vontade de cada um de tornar o seu espaço um lugar melhor para se viver e, principalmente, para acessar o conhecimento.
Conheci a “Biblioteca Multicultural de Peixinhos” em 2007, graças a um projeto do qual participei como educanda. Um dos meus educadores, chamado Rogério Bezerra, é um dos fundadores da biblioteca. O espaço vem fazendo a diferença há mais de dez anos na vida de crianças, jovens e adolescntes, além de ajudar no acesso à informação de toda a comunidade. É um local de encontro, de crescimento e, principalmente, de fortalecimento da periferia.
Por meio de uma vídeo-reportagem, apresento este local acolhedor e transformador. Pelos depoimentos do educador social Rogério Bezerra, de quem falei acima, e de crianças que frequentam a biblioteca, transmito um pouco do que ela representa. Espero que a matéria represente, também, um convite para que você, leitor, faça uma visita.
Edição: Nivaldo Machado