Fatores positivos da inteligência artificial no cotidiano de pessoas com deficiência

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De acordo com estudiosos, a geração de máquina tem a capacidade de oferecer soluções personalizadas e adaptadas às necessidades individuais desse público.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD); Pessoas com Deficiência 2022, lançada no dia 7 de setembro de 2023, por um Termo de Execução Descentralizada entre a Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (SNDPD/MDHC) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que a população com deficiência no Brasil foi estimada em 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, correspondendo a 8,9% da população dessa faixa etária.

Os dados são referentes ao terceiro trimestre de 2022 e apresentam uma análise detalhada sobre as características gerais desses cidadãos, além de temas como a inserção no mercado de trabalho. 

Dessa maneira, pode-se observar a enorme presença dessas pessoas na sociedade brasileira e a partir disso, pensar como a tecnologia pode agir de forma positiva na desenvoltura desse público dentro do contexto da inteligência artificial. Segundo uma pesquisa global realizada pela International Business Machines Corporation (IBM), em 2022, cerca de 41% das empresas brasileiras utilizam inteligência artificial no ambiente profissional.

Como a IA pode agir de forma colaborativa na inserção desse público na vida cotidiana? 

A jornalista, cofundadora e diretora executiva do Eficientes, iniciativa que trabalha com o jornalismo independente que luta pela participação social para pessoas com deficiência, Larissa Pontes, detalha como esse campo do jornalismo pode agir como um dos principais fatores na facilitação do dia-a-dia dessas pessoas.

“A inteligência artificial (IA) desempenha um papel cada vez mais importante na promoção da inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência. Ela possibilita a criação de dispositivos e aplicativos que ajudam na comunicação, mobilidade e realização de tarefas diárias, proporcionando maior independência para as pessoas com deficiência”, afirma Larissa.

Larissa Pontes 
Fonte: arquivo pessoal

Ainda de acordo com a jornalista, a IA tem a capacidade de oferecer soluções personalizadas e adaptadas às necessidades individuais, o que melhora a experiência do usuário. 

Confira abaixo alguns exemplos positivos dessas soluções listadas por Larissa Pontes, que incluem:

  • Reconhecimento de voz, que facilita a interação com dispositivos e sistemas para pessoas com deficiências motoras ou visuais;
  • Avatares digitais que fazem a tradução do português para as libras, que ajuda a superar barreiras linguísticas e torna a comunicação mais fácil para pessoas com deficiência auditiva;
  • Desenvolvimento de próteses que se adaptam de maneira intuitiva aos movimentos e necessidades de cada pessoa, proporcionando maior conforto, controle e autonomia;
  • Sensores e câmeras que identificam obstáculos em espaços públicos, tornando a locomoção mais fácil para pessoas com deficiência visual;
  • Algoritmos de IA que melhoram a navegação em sites e aplicativos, tornando-os mais amigáveis e adequados para pessoas com deficiências cognitivas ou visuais.

A tecnologia tem se revelado como uma aliada importante na busca por resultados inovadores e inclusivos para essa população. Uma das áreas poderosas onde a IA tem cumprido um papel fundamental é na superação de obstáculos enfrentados por pessoas com deficiência, proporcionando uma forte contribuição e promovendo autonomia em diversos contextos da vida.  

Rafael Ferraz Carpi, de São Paulo, comunicador social PCD e um dos colaboradores do projeto Jornalismo Inclusivo – iniciativa independente de jornalismo, focada no protagonismo e na representatividade da pessoa com deficiência – que trabalha com consultoria em acessibilidade, inclusão e jornalismo digital, fala sobre as principais ferramentas de inteligência artificial utilizadas por ele no ambiente de trabalho e como elas auxiliam nesses espaços.

“Comecei a estudar e usar ferramentas de inteligência artificial desde a liberação do ChatGPT, da OpenAI, para o público, até os aprimoramentos mais recentes do GPT-3.5 e GPT-4, Chat do Bing e Google Bard, além do Perplexity AI e extensões de navegador. No entanto, uso cada ferramenta em diferentes situações”, disse Rafael.

Rafael Ferraz
Fonte: arquivo pessoal

Ferraz ainda complementa quais as outras ferramentas que ele utiliza nesses espaços e fala sobre sua perspectiva para o uso futuro em outros ambientes para além do profissional.

“Extensões de navegador para resumir textos, elencar informações e melhorar prompts também estão presentes no dia a dia de trabalho. Eu utilizo a Alexa e o Google Assistant. Através do reconhecimento de voz e da automação, consigo controlar dispositivos eletrônicos e interagir com o mundo digital de maneira mais eficaz. Fora dele, em ambiente online, gosto de testar ferramentas. Já na rotina diária, fora do trabalho, como pessoa tetraplégica eu não uso nenhuma, por enquanto”, complementa Ferraz.

Ainda, de acordo com os especialistas, a acessibilidade pode ser aprimorada de várias maneiras com o uso da inteligência artificial. Na Assistência à Deficiência Visual, por exemplo, existem aplicativos de IA, como o “Seeing AI” da Microsoft, que descrevem o ambiente ao redor para pessoas cegas ou com baixa visão. Eles ajudam a identificar obstáculos, ler textos e até reconhecer rostos. Já a “Mochila Inteligente” usa IA da Intel para guiar pessoas com deficiências visuais nas ruas.

Jornalismo Inclusivo – projeto que trabalha com jornalismo independente, focado no protagonismo e a representatividade da Pessoa com Deficiência
Fonte: Divulgação/Rafael Ferraz

Já na assistência à deficiência auditiva, a IA é usada para transcrever conversas em tempo real, ajudando pessoas surdas a se comunicarem de maneira mais eficaz. Por exemplo, o aplicativo “Whisper” transcreve e traduz áudios para arquivos de texto. Além disso, o “Otter.ai” pode transcrever reuniões online e outros conteúdos.

Por fim, é fundamental conscientizar as pessoas sobre a utilidade e o impacto positivo dessas tecnologias. Por meio da criatividade, esses estudiosos buscam disseminar o conhecimento e fornecer insights sobre como leitores de tela, avatares digitais, plugins de acessibilidade e muitos outros recursos podem ser empregados de maneira eficaz. 

Essas iniciativas atuam de forma importante no direcionamento à inclusão e acessibilidade para todos, especialmente para as pessoas com deficiência, para que assim sejam estabelecidos diálogos construtivos que capacitem profissionais para que eles possam criar um ambiente mais acessível e inclusivo em comunicação e tecnologia.