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O desafio constante da mobilidade urbana

TIAGO HUNKÁ

Entrevista | Antônio Henrique

Antônio Henrique, 45 anos, é formado em Arquitetura e Urbanismo e Administração de Empresas, que atualmente atua como Gerente Geral de Mobilidade Humana na Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU). Teve experiências de mais de uma década na área de Urbanismo, Polo Gerador de Tráfego, Sinalização e Projeto Arquitetônico, em Planejamento Urbano, Urbanismo Tático, Projeto de Infraestrutura Cicloviária e Estações Públicas Compartilhadas de Bicicletas. É especialista no desenvolvimento de projetos de Mobilidade Sustentável. Tivemos a oportunidade de entrevistá-lo para discutir um pouco sobre como seria possível criar soluções para a Comunidade do Pilar demonstrando a necessidade de implementar políticas públicas que busquem uma ocupação urbana mais humanizada, entendendo que os serviços devem se adaptar aos moradores do bairro do Pilar. 

Como você enxerga a questão da mobilidade urbana?

A mobilidade urbana no Brasil ainda é vista como um dos principais gargalos das gestões municipais. Oferecer soluções eficientes de transporte público e melhorar as condições para o transporte individual são grandes desafios, principalmente em grandes metrópoles do Recife, que são integradas com Camaragibe, Olinda e Jaboatão, com um fluxo enorme de veículos de 6 mil a 8 mil automobilísticos. Nesse caso, um dos grandes projetos para a mobilidade urbana é a exclusividade que temos de priorizar outros modos de deslocamento para uma cidade mais inteligente e saudável. 

Quais são os maiores desafios para a mobilidade urbana no Recife, e suas principais barreiras?

Em relação a isso, a cidade do Recife possui muitos problemas, dentre esses fatores temos o fato de que não foi planejada ao longo e sua história, problemas relacionados à morfologia da cidade e atributos geográficos que dificultam seu planejamento. Além disso, temos questões culturais problemáticas que envolvem desde a precarização de bairros com população de baixa renda e o isolamento de comunidades, aquelas que estão geograficamente mais afastadas do centro. 

Você conhece a comunidade do Pilar? 

Sim, eu conheço. É uma comunidade que tem uma força muito grande no senso de identidade e possui uma importância para a vida do Bairro do Recife. Tivemos projetos e parcerias com o WRI Brasil, que apoiou a formação das alianças e contribui com conhecimento técnico para o planejamento e execução das ações propostas e nas transformações de rua com conexões com a TUC (Alianças para Transformação Urbana em português) que possui projetos para a comunidade e fomenta emprego e geração de empregos paras as pessoa que moram por lá. 

Muitos moradores do bairro se queixam da falta de mobilidade urbana, principalmente com o pouco acesso ao transporte público nos fins de semana.

O Transporte público é gerenciado pelo governo do estado e, nesse caso, por parte da Prefeitura do Recife. O que tratamos como a CTTU é a questão da infraestrutura como fiscalização, asfaltamento, localização etc. Nós não trabalhamos com a frequência da circulação de veículos, temos consciência de alguns problemas que a Comunidade do Pilar sofre, no entanto, a questão da mobilidade e do transporte público tem que ser discutida com a pessoa de responsabilidade do controle urbano de veículos públicos. 

A comunidade se sente invisível aos olhos das grandes instâncias. Qual seria a solução para o problema seria uma questão de infraestrutura? 

A comunidade sofre de uma falta de linhas com atendimentos em horários específicos, especialmente nos fins de semana. Com paradas adequadas ao bairro que grande parte delas estão desativadas, melhorias nas sinalizações das ruas e ruas que não foram asfaltadas, o que prejudica a circulação de veículos públicos. Infelizmente, por eu não ter gestão sobre o problema, eu não posso garantir que isso possa ser resolvido, mas esses são um dos principais problemas que a comunidade sofre atualmente. 

Como funciona a “Aliança transformando ruas” e como ela pode ajudar a comunidade?

O projeto conta com a formação de duas alianças que mobilizam pessoas e recursos locais para impulsionar a cocriação de soluções urbanas inovadoras em Recife e Teresina. O objetivo é acelerar e dar escala a transformações urbanas de baixo carbono e que gerem resiliência, ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida das populações envolvidas. As alianças unem as comunidades afetadas e representantes de diversos setores da sociedade para criar, testar e disseminar soluções para esses desafios locais. Essas alianças permitem que as decisões sejam tomadas de forma participativa, multisetorial e inclusiva, unindo sociedade e poder público na implementação. Inclusive, já realizamos um mutirão na própria comunidade do Pilar, ajudando a aumentar a segurança e atratividade da rua e contribuir para a integração com o restante do Bairro do Recife. Essa intervenção é a primeira etapa de uma transformação maior que, no futuro, visa conectar o conjunto habitacional à praça pública existente no entorno, de forma segura e lúdica. Muitas pessoas estiveram envolvidas na ação, como as lideranças da comunidade Ana Claudia Miguel e Adriana Gonzaga, pessoas da Escola Nossa Senhora do Pilar e diversos moradores que estavam dispostos a compartilhar suas experiências e debater melhorias para o bairro.