É Real ou é Fic? Como as Histórias Criadas Por Fãs Movimentam a Literatura

Thalila Lima, do grupo As Libertinas – Marcus Vinicius/ O Berro

Quem nunca criou um cenário fictício e se imaginou vivendo nele? Ser rico, casar com o amor da sua vida, ganhar na loteria ou até mesmo ganhar superpoderes? Mas já pensou em passar esses pensamentos para o papel e compartilhar com estranhos? Melhor ainda, incrementar e criar uma história em que você e outros fãs do seu ídolo possam compartilhar o mesmo sentimento? É dessa ideia que surgiram as fanfics: histórias criadas para imaginar um grande romance com o cantor daquela banda, o início de uma grande amizade com aquela cantora, ou até mesmo o relacionamento entre um famoso apresentador brasileiro e uma grande cantora norte-americana.

As fanfics, ou apenas fics, surgiram nos anos 60, mas foi apenas em meados de 2010 que elas ganharam maior relevância entre os jovens, tornando-se uma febre entre adolescentes e, muitas vezes, o primeiro contato com a literatura. Embora muitas tenham sido escritas por crianças, adolescentes e jovens, essas histórias acabaram tomando grandes proporções, saindo dos sites e fóruns de fanfics e alcançando espaço em editoras. Livros como Crepúsculo, 50 Tons de Cinza, 365 Dias, After, Light as a Feather, Orgulho, Preconceito e Zumbis e A Barraca do Beijo se tornaram sucessos de vendas, chegando também às telonas e se transformando em franquias e séries famosas.

A Guerra dos Furacões, livro escrito a partir de uma Fanfic – Marcus Vinicius/ O Berro

Apesar de subestimadas, as fanfics são, para muitos, o primeiro contato com a leitura ou a escrita, transformando o que seria um passatempo em algo sério e muito importante na vida de muitos jovens. Mithiele Silva, de 26 anos, sempre foi apaixonada por literatura e escreve desde 2010, criando histórias inspiradas nos doramas que assiste. Isso lhe permitiu publicar diversas obras, levando suas inspirações e vivências da imaginação para as telas dos leitores e as páginas dos seus livros.

Mithiele é uma das administradoras do clube do livro “Libertinas”, que tem cerca de 67 integrantes em todo o país, reunindo aproximadamente 21 deles mensalmente para debates sobre obras que estimulam a leitura, compreensão e o pensamento crítico de jovens e adultos. As Libertinas existem há aproximadamente 5 anos, surgindo durante uma sessão de autógrafos do livro Procura-se um Marido, da autora Carina Rissi, quando algumas participantes trocaram experiências e decidiram manter a amizade além do evento. Thalila Lima, uma das integrantes do grupo de leitura, comenta como as reuniões de debate recebem essa literatura e podem ajudar novos leitores: “Temos regras no clube de sempre ler livros de autores não tão conhecidos ou livros menos famosos. Livros que muitas vezes são derivados de uma fanfic. Afinal, toda história vem de algum cenário fictício”, afirma. 

Leia o primeiro capítulo do livro de Mithiele, que será lançado em dezembro de 2024:

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