Nos últimos anos, o K-pop ultrapassou barreiras geográficas e linguísticas, tornando-se um dos maiores fenômenos musicais globais. O gênero, que começou a ganhar força na Coreia do Sul nas décadas de 1990 e 2000, com grupos como H.O.T e Seo Taiji and Boys, agora domina paradas musicais ao redor do mundo, rivalizando com os maiores nomes da música ocidental. Esse sucesso meteórico é atribuído a uma combinação de produção musical com videoclipes elaborados e coreografias sincronizadas, mas há um fator crucial que impulsionou essa ascensão: o fandom.
Com grupos como BTS, BLACKPINK, EXO e Stray Kids, o K-pop não só conquistou um público diverso, mas também criou uma comunidade apaixonada e dedicada. O fandom desses grupos, conhecido por nomes específicos — como ARMY (fãs do BTS) e BLINKs (fãs do BLACKPINK) — desempenha um papel fundamental na disseminação da cultura e na promoção dos seus ídolos, seja comprando álbuns físicos, assistindo vídeos no YouTube repetidamente para aumentar o número de visualizações ou organizando campanhas, para que, seus artistas favoritos sejam reconhecidos em premiações internacionais.
O impacto global
Nos últimos anos, o K-pop ultrapassou os limites da Ásia e conquistou mercados importantes como os Estados Unidos, a Europa e a América Latina. O BTS, por exemplo, fez história ao ser o primeiro grupo de K-pop a se apresentar no Grammy Awards e ao conquistar o topo da parada da Billboard 200. Outros grupos, como BLACKPINK, se apresentam em grandes festivais, como o Coachella, na Califórnia.
Mas é no Brasil que estão alguns dos grupos de fandoms das bandas de K-pop.
Shows e fãs ao redor do mundo
Kaiane Takeuchi, brasileira de 21 anos que mora no Japão desde a adolescência, é fã de BLACKPINK desde 2020 e relata que fez de tudo para conseguir ir ao show da turnê em junho do ano passado, quando a ‘Born Pink World Tour’ do grupo passou por Osaka.

Para Kaiane, o K-pop oferece algo além da música: a atenção dedicada aos fãs. “Os ídolos priorizam muito essa ligação [com os fãs], e isso é importante para que nos sintamos valorizados pelos artistas. Antes do show, eu nunca tinha experimentado algo assim”, relembra Raiane.
BLACKPINK, em especial, teve um impacto significativo em sua vida. “Esse senso de união e amizade entre as meninas [do BLACKPINK] é muito cativante. É especial ver um grupo de amigas fazendo o que amam e espalhando esse amor entre os fãs”, completou a jovem.

Redes sociais e a união do fandom
“Ser fã de K-pop é muito mais do que gostar das músicas. A gente se sente parte de uma comunidade. Fazemos amigos, ajudamos nas campanhas, ficamos horas votando para que nossos ídolos ganhem prêmios. É uma dedicação que vai além do que eu já vi em outros estilos musicais”, disse Mariana Miguel Campos, de 22 anos, fã do grupo NCT Dream.


Ela também enfatiza o papel das redes sociais na disseminação do K-pop. “O Twitter, por exemplo, era um lugar onde a gente se organizava. Em época de comeback, a gente fazia mutirão para dar stream nas músicas e para votar nas premiações. É um trabalho de equipe, sabe?”, completa Mariana.
K-pop em Recife: o fenômeno que une pessoas
Originalmente divulgada pelo Instagram KPE – KPOPERS PE (@kpopperspenews), perfil criado em 2022 para denunciar possíveis casos de descaso com grupos de dance cover (grupos de dança que ensaiam e apresentam coreografias de K-pop), a página se transformou em um portal de divulgação e visibilidade para eventos e grupos de K-pop, em Pernambuco. A idealizadora da página, Aretha Santana, coordena há dez anos o MOVE Dance Team, um grupo recifense de K-pop dance cover.
Dançarina desde os três anos, Aretha conheceu o K-pop em 2007 e se apaixonou imediatamente. Em 2012, passou a se dedicar às coreografias do gênero e, desde então, não parou mais. Com o objetivo de reunir pessoas que sabiam dançar, mas tinham vergonha de se apresentar em público, Aretha criou o Random Play Dance em 2022, que uma vez por mês, se reunem em frente ao Cais do Sertão. Hoje, o evento é o maior Random Play Dance do Brasil.
“A ideia do Random surgiu como uma forma de unir todos que amam a dança e o K-pop, funcionando como um movimento cultural aberto ao público”, explica Aretha.
O futuro do K-pop
Enquanto a indústria do entretenimento coreano continua expandindo suas fronteiras, muitos acreditam que o K-pop ainda tem muito a crescer. Com cada vez mais grupos que se destacam e novos talentos surgem, o gênero parece estar longe de saturar. Além disso, a presença de plataformas digitais como YouTube, TikTok e Spotify, que impulsionam ainda mais a visibilidade dos artistas e facilita o contato direto entre fãs e ídolos.
O K-pop não é apenas um gênero musical, é um movimento global movido pela paixão de seus fãs, que têm um papel ativo em levar seus ídolos cada vez mais longe. Com uma base de fãs tão dedicada e artistas inovadores, o estilo musical parece estar destinado a manter seu reinado na indústria musical por muitos anos.