A arte e suas manifestações estão em tudo que enxergamos, escutamos, cheiramos e tocamos. Afinal, ela é um dos maiores meios de expressão humana, que ultrapassar a barreira do sensorial e se desdobra em passar toda a mensagem que aquele artista pensou quando fez o seu projeto. A jornada de um artista define a sua obra, seja todo o caminho que ele percorreu para chegar onde está, seja por meio das diferentes origens e até aqueles momentos cruciais, onde lapsos de criatividade infestam a mente daqueles abertos a entender o seu redor.
Júlio César de Freitas, mais conhecido como Jota Zer0ff, é um artista gráfico que expressa todo o caminho que ele percorreu como um jovem negro no interior de Pernambuco em suas obras. Aos 8 anos, ele ganhou um material de desenho da mãe, começando a desenhar desde então, nunca parando e realizando que o futuro dele girava em torno daquilo. “Ao longo do tempo foi meio que um vício desenhar, não parava, minha mãe sempre dizia que eu estava indo longe e poderia me dedicar mais nos estudos. Cresci me vendo somente nisso, aí na fase adulta comecei o grafite que ampliou tudo, carreira, inspiração e um pouco de fama.”, destacou, o artista.
As influências para a vida artística de Jota começaram pelos desenhos infantis dos anos 90, onde aos poucos ele foi introduzido a cultura regional que cercava a sua infância em Carpina. “Fui entendendo o quão é forte e diversificada a cultura pernambucana, aí abracei e hoje me alimento do imaginário que rodeia nosso carnaval, música e tradições de ponta a ponta em Pernambuco.”, comentou.
Um dos seus grandes projetos foi a exposição que realizou no final de 2018 na galeria Janete Costa, localizada no Parque Dona Lindú em Recife. Denominado de “Transitor”, o projeto apresentou os traços artísticos de Jota, marcados pela presença cultural pernambucana, sendo um dos grandes desafios de sua carreira. “Foi uma experiência que exigiu muito de mim na época, que vivia uma crise de falta de inspiração, mas engoli seco e fiz acontecer mesmo com tantas dificuldades inclusive financeiras.”, revelou Jota.
A artista visual, Ana Lira, nasceu no município de Caruaru e é especialista em jornalismo cultural, voltada para Crítica fotográfica, cultural e artes. Com uma bagagem de diversos trabalhos expostos em galerias e premiações ao redor do Brasil e do globo, Ana explicou que a sua grande vitória foi entender o seu lugar e como ela deveria chegar nele. “Minha principal conquista foi compreender que os meus movimentos precisavam ir na direção de onde havia caminhos abertos para fazer coisas que faziam sentido para mim e havia ambientes que me respeitavam – e isso nem sempre significava seguir o fluxo tradicional dos demais artistas”, explicou.
Ana Lira tem seu trabalho, com temáticas e imagens sempre influenciadas e com forte sintonia com o clima político do seu país, como quando lançou o fotolivro “Voto”, na pinacoteca de São Paulo. O livro debate a crise da representação política, refletindo em cima dos rasgos, cortes, manchas e colagens, criadas pela população e pelo tempo, das propagandas políticas espalhadas pelas cidades.
Além da influência através da política, a fotógrafa demonstrou que suas atitudes e sua arte também vieram de uma realização que ela teve, a influência em sua carreira por ela ser negra. “Compreender que eu morava em uma cidade que tem um dos legados negrodescendentes mais antigos da América do Sul e que, mesmo sendo resultado de uma violência colonial, o legado deixado pelas pessoas que aqui conseguiram chegar e sobreviver a todas as violências continha potências incríveis que eu não posso deixar passar despercebido.”, revelou.
Marlon Diego é um fotógrafo profissional que trabalha como fotojornalismo destacando a realidade através das lentes de quem ele é e do que ele acredita. Sempre carregando mensagens em suas obras.
Realizamos uma série de vídeos com Marlon, destacando seu interesse pela fotografia profissional, suas influências e o grande projeto de sua vida, você pode acompanhar a seguir: